Da ponte pra cá

Da ponte pra cá

Wednesday, November 27, 2013

Odisséia no Nepal - Parte 1

27/11/2013


Os fatos aqui apresentados não fazem, ou fazem parte de uma ordem cronológica. Qualquer semelhancia com a realidade é mera ilusão.



-Olá você da internet. Que saudade, não é mesmo?!
-Não.



                Pois é, jovens... Estou por aqui novamente, depois de tanto tempo, e já vou logo fazer o que eu quiser de novo... Antes de começar a ler, ficaria feliz se você colocasse a trilha sonora que eu estou ouvindo agora, pra sentir melhor minhas palavras (hahaha...ai ai).

Clique nos links abaixo:
1Porque é proibido pisar na grama?
2Lá de longe
3Mentira

*Não sei fazer uma playlist decente, então vai com link do youtube mesmo.

Pois bem, aconteceram séries de fatos incríveis desde que eu me desliguei do blog. Rolou meditação, expulsão do centro de meditação, flagrante dos gambé, álcool depois de três meses, coincidências (logo mais veremos que elas não existem, porém usemos este termo, por hora), trance (musica), musica, virei músico, música.




Começou tudo quando sai de Rishikesh em agosto. O destino era Nepal (sim, o país... a ideia de renovar o visto e passar uns 15 dias no Nepal, não me fez achar necessário pesquisar aonde ir) e a cidade “escolhida” como primeira estada seria Mahendra Nagar. Foi o caminho mais fácil e barato, saindo da Índia pela cidade Banbasa (Nordeste da Índia e Noroeste do Nepal).

Vilarejo de Mahendranagar

Logo de cara já comecei a ser tratado com um bom turista que sou.
Mas antes tenho de deixar claro uma coisa. Chuva! A minha relação com esse fenômeno da natureza sempre foi algo peculiar. Ainda que acabei escrevendo uma música tempos atrás que tem um verso que diz “Repara no dia do mal humor. O que vem no próximo dia é notícia.” O mal humor é de se interpretar, ok? Ok! Foram as águas de maio daí, as de junho daqui e as de sempre do todo.

Assim que eu cruzei a borda da Índia, foi como uma zuerinha de leve. Garoinha fina só pra despertar aquele menino maroto, que quase conseguiu dormir no busão, nas 14 horas de viagem. Entre explorar o cavalo do moço pra me levar até o Nepal (o ônibus para no vilarejo mais próximo da borda, porém para atravessar o país você vai precisar rodar uns 5 km por conta. Você pode escolher um Rikshaw que nem esse da foto ou ir a pé... NÃO ANDE DE CARROÇA!), resolvi explorar um senhorzinho que se enfileirava entre a porção de “taxi drivers” que tentavam minha atenção. Ele não falava inglês, mas sabia exatamente onde me levar. Ali você não vai fazer muita coisa, pois não há turismo, mas se fizer esse trajeto um dia e quiser fazer um tour antes de cruzar a borda, eu recomendo. O lugar é incrivelmente lindo. Você cruza as fronteiras por um rio chamado Mahakali, que tem 350 km de comprimento e tem uma correnteza impressionantemente forte. Ele é um dos rios que abastece o Ganga.

Antigo curso do Rio Mahakali


Depois de aplicar e retirar o visto (sai na hora, eu nem tinha foto e me deram o visto e ainda trocaram meu dinheiro pela moeda local), peguei outro Rikhshaw que me levou ao centro da cidade para que eu fosse a um hotel descansar um dia e planejar o que fazer com meus 30 dias de visto e Us$ 100 no bolso. O “piloto” da caranga me levou pra dois lugares mega hotel de posto no brasil. Daqueles que 20 reais é abuso. Mas por aqui seus 20 contos lhe garantem pelo menos dois dias de hospedagem e ainda uma comida razoável. Depois de instalado, procurei o piloto pra que ele me desse uma luz sobre o que fazer por ali. - Haxixe?; Ele me perguntou. Bom, a partir daqui as coisas mudaram de figura no meu plano (que alias não existia). Fiquei na cidade por mais dois dias e acabei fazendo amizade com o piloto. Ele me levou até o antigo curso do rio Mahakali. Aqui eles desviam curso demais, todo lugar que você roda por aqui tem rio seco. Saindo do rio que fomos, depois de andar por horas na floresta, por que meu guia havia se perdido, fomos até sua casa, que era no caminho. Ele me apresentou a toda sua família e ganhei uma flor linda, que ele tirou do jardim pra me receber. Fizemos um tour pela cidade que já começava me mostrar indícios do incrível país que eu viria conhecer em breve.


Piloto gente boa

Pilotos de Rikishaw monstrando abilidade em fazer haxixe na hora

No mesmo dia, peguei o ônibus com destino a Bárdia, o mais largo parque nacional do Nepal. São 968 km² de verde, mais de 400 espécies de pássaros, tigres, rinocerontes, uma imensa fauna e flora de tirar o folego. Cheguei à cidade por volta das duas da manhã na cidade e, é claro que estava tudo fechado. Na verdade existe uma cidadezinha de entrada antes de Bárdia, chamada Ambasa. Bárdia fica 18 km afastados da estrada. Você precisa acessar por Ambasa, onde existe uma barreira militar (Tem mais barreira militar e policia nas ruas e estradas do Nepal que pastel, na feira de SP). Mas é claro que eu só viria a descobrir isso da maneira mais caótica. Porém isso é pra depois.

Indo para Bardia com um sadhu

Depois de acordar a pobre senhora que morava no restaurante, consegui um lugar para dormir até a próxima manhã. Cedinho fui providenciar minha visita parque e negociar meu safari com o guia. Depois de conversar com um cara chamado Krshna, cheguei à cidade e me instalei no resort, e depois de muitas ideias trocadas, consegui me hospedagem, comida por 2 dias e mais o safari por pouco mais Us$ 30. Fizemos o safari a pé, claro e foi maravilhoso. O parque é realmente selvagem e, apesar das trilhas e da “segurança” do guia, que era mais magrinho que eu (possivelmente corre mais que eu, também), cruzamos com um veado morto no meio do caminho, certamente por um tigre faminto. Ai fiquei gelado, mas depois passou. Ficamos cerca de 8 horas na selva. Achamos alguns pontos para tentar ver algum tigre, agosto e setembro não são os melhores meses, por conta da temporada de chuvas aqui. Segundo os locais a temporada mesmo começa no começo do ano, onde o mato já morreu e a savana começa tomar conta de vários espaços na floresta, como próximas ao rio Karnali. Tigres à parte, vi de perto (e abracei)  o primeiro elefante da minha vida (zoológicos não contei). Foi uma experiência incrível, um cisco até caiu nos olhos, na hora... Nos dois, juro.


Cheguei
Quartinho que dormi quando cheguei em Bardia, de madrugada

Resort Jungle view


Bangalos do resort
Parque Nacional






Eu e o papa capim


Rinoceronte cego que vive em cativeiro =(






Meu quartinho no resort

Dia seguinte do safari ainda fiz um tour conta própria pelo vilarejo local e um menino de seus 12 anos resolveu trocar comigo um pedação de haxixe por um colar que eu usava. Ele me abordou no caminho e me chamou até sua casa para conhecer seu pai... chegando lá vi esse tiozinho com diversos anos nas costas sentado no jardim. Ele me oferece água e o menino entra em sua casa. Quando ele volta tenta me vender e, como eu não quis comprar ele pediu o colar, mesmo. Mais andadas sem destino trombei uma senhora que me olhava e ria. Indignada ela apontava para meu piercing no nariz e dizia “Nepal lady!!!” e ria...ah! Como ria, a velha. Depois de ser chacota da vila toda (agora não só a tiazinha, mas todas as crianças e um homem que teve a coragem de me perguntar se eu queria ser uma nepalesa.) ainda tive a oportunidade de passar vergonha jogando futebol com uma rapaziada que batia uma bola no campinho da vila. Voltei ao resort pra descansar e acordar cedo dia seguinte que eu estava pensando em seguir viagem. Dá-lhe chuva!


Meliante juvenil

Krshna me deu umas boas dicas de lugares pra visitar, como Lumbini e Pokhara. Como Lumbini estava mais perto que Pokhara, foi a decisão mais óbvia a se fazer. 
Boi da cara preta

Crianças adoráveis
Nove horas de viagem e ali estava eu em Baira Hawa. Cidade entrada para Lumbini, que fica 22 km de distancia. Você pode tomar um ônibus local que vai te custar menos de um real ou pode ser explorado pelos taxistas, se preferir.
Ainda me adaptando ao inglês asiático, ainda que já estivesse três meses na índia, tentava me comunicar com o guarda do complexo de templos (Lumbini é a cidade natal de Buda. Após muitos anos abandonado, um antigo rei do Nepal resolveu redescobri o local, transformando-o no patrimônio que é hoje, inclusive assegurado pela UNESCO (grandes bosta)) me aparece o primeiro anjo no caminho. Vivian. Uma Israelense que morou maior parte da vida na Espanha. Ela me viu tentando, sem sucesso conseguir informação sobre hospedagem barata na cidade e veio conversar em espanhol comigo. Sabe-se lá por que. Ela havia chegado no mesmo dia e estava voltando ao complexo de templos. Disse-me que estava hospedada em um templo de freiras e que talvez eu também pudesse ficar por lá. Sem custo, apenas uma doação ao templo quando eu saísse. Foi Vivian que me apresentou a meditação Vipassana, ao qual irei me referir no próximo post dessa trilogia (que não está limitada apenas a três posts, que fique claro). Fiquei três dias no templo e depois me inscrevi no centro de Vipassana. A meditação começaria em três dias e eu não podia mais ficar no templo porque haveria uma excursão de indianos chegando ao templo e eles usariam todos os dormitórios. Após uma conversa de sorte com um dos funcionários do Centro, consegui hospedagem até o inicio do curso de graça também. Depois descobri que não era permitido que isso ocorresse, mas ai já estava lá e ninguém me tirou.

Dormitório no templo de freiras em Lumbini.

Vaquinha tortinha.
Jardim do templo.
cadam, .frutinha que nasce em tudo quanto é canto em Lumbini. Delicia!
Templo tailandes.
Por que, minha gente?



A meditação estava a poucos dias de começar. 11 dias de curso, 10 horas de meditação por dia, pequenos intervalos para dormir, comer ou andar. Meu momento de descobrimento pessoal, daquilo que eu viria entender depois, ser eu. E daquilo que eu viria desentender, ser eu.

Música, yoga, medo, relacionamento, intrigas e muito mais no próximo post. Não perca!




Lago de Lumbini

Fico feliz que você veio me visitar novamente. Fique ligado, em breve muitas outras peripécias do amigo viajante aqui. Até a próxima, pessoal.
Namaste.

Wednesday, July 3, 2013

Entendendo mais um pouco

Fiquei pouco tempo em Dharamsala. Foram pouco mais que 10 dias de intenso yoga e não tive muitas oportunidades de ver a cidade, mas o pouco tempo que tive foi suficiente para visitar uma linda cachoeira e fazer um pequeno trekking pela montanha que desce a água dessa queda. Alguns passeios aleatórios me deram oportunidade de conhecer alguns pontos turísticos, outros nem tanto. Foi uma viagem proveitosa para o Yoga, não para passeios. Porém tive algumas iluminações no meu caminho muito importantes para mudar algumas condições de meus pensamentos em relação à amizade.
Meu dinheiro estava acabando e resolvi tomar uma atitude que nunca pensei que tomaria. Pedir aos amigos. Sempre tive pra mim que o dinheiro, como tudo no mundo faz parte do ciclo, que é a base de filosofia do budismo. Causa e efeito. Então, partindo daí, imaginava que de alguma forma tudo que ‘’apliquei’’, tivesse num momento necessitativo (aqui me reservo no direito de inventar uma palavra, e se é a primeira vez que faço aqui, fique ciente que costumo fazer isso sempre. Às Vezes as palavras já criadas não são suficientes), retorno. Contando por A mais B que seria um retorno rápido, fácil e indolor, mesmo que irrisório, percebi novamente que meus valores não são os mesmos dos outros. Apesar de ter recebido ajuda de alguns amigos, o gesto de ignorar de uma grande maioria, me fez ver o quão egoísta eu estava sendo ao impor minhas necessidades e meus sonhos à frente da vida dos outros. Receber inclusive alguns julgamentos referentes ao meu modo de vida antes da minha viagem, onde gastei mais dinheiro do que, supostamente deveria, me fez enxergar muita coisa que, sem saber, eu vim aprender aqui.
Hoje me inscrevi no programa de voluntario do Parmath Niketan Ashram de Rishikesh. Este é o maior ashram em atividades e o mais engajado em atividades que visam desde a limpeza do Ganga e o cuidado das meninas abandonadas, estupradas ou perdidas, até no esforço em reconstruir as cidades destruídas pelo desastre do dia 16 de junho, que afetou mais de 15 mil pessoas.
Vou usar o dinheiro que recebi para pagar meu último mês que morei no Ved Niketan Ashram, meu visto e viagem para o Nepal e depois acabou, me restaram apenas os 20 dolares que trouxe comigo sem trocar para um possível imprevisto. O mais importante disso tudo foi a lição que tirei de tudo isso. Vir pra ca sem dinheiro foi, sem dúvida a atitude mais importante que eu, indiretamente tomei. Eu tinha dinheiro suficiente e de sobra para vir à Índia e viajar conhecendo lindos lugares, mas com certeza eu não teria passado pelas incríveis descobertas que passei. Mas mais importante do que tudo que aconteceu comigo aqui, foi importante ver como tudo que eu acreditava em termos de amizade, foi quebrado com uma simples atitude julgatória e sem precedentes. Agradeço até dormindo aos amigos que puderam me ajudar e mais ainda aos que não puderam, pois foi de uma ajuda enorme para quebrar paradigmas e me colocar no chão novamente. A vida participa de um ciclo interessantíssimo que nunca quebra, mas as vezes parece ter seu ângulo alterado. Ai nessa outra dimensão podemos enxergar melhor ou pior. Depende de como a curva do seu ciclo está. Abrir os horizontes vai muito além do que olhar pra frente. Precisamos nos desvincular de nós mesmos para entender o externo. Parar pra pensar não é solução, mas sim, parar de pensar.






Namaste

Saturday, June 29, 2013

O tempo não passa

Bastante tempo longe daqui. Sinto-me como se tivesse prometido atualizações das aventuras em série na minha viagem e que não fui capaz de cumprir. Mentira. Sinto-me como se tivesse prometido deixar todos atualizados com meu dia-a-dia e como isso soa, agora, ridículo. Não faz o menor sentido expor como num diário, usando palavras interessantes pra fazer minha viagem pessoal, algo de interesse público. De agora em diante usarei mais como diário de ideias, inconformidades e expressões do meu Karma Yoga. Sem desventuras. Talvez. O melhor de ter o blog em minha total manifestação de expressão é que posso me indignar com minhas ideias, revê-las, achar idiota e mudar o tempo todo. O volúvel me liberta e o volátil me expande.
Minha viagem para Dharamsala começou cerca de uma semana antes da verdadeira partida em cinco de junho de 13. Antes do final de maio havia um grande sentimento de decepção pairando minha percepção de realidade. Não fazia sentido ter vindo a Rishikesh. Vim buscando algo que vi ser impossível alcançar. Chegar ao país com o orçamento curto e esperando boas ações ou um efeito de uma causa bem feita não parecia ser possível.
O meu primeiro contato com o Yoga por aqui foi no ashram que estou morando. Um jovem com seus 20 e poucos anos é nosso mestre. Não pela idade que tem, mas talvez esse fato tenha influência grande na sua personalidade. O ego vive nele um pedaço grande da sua rotina. Uma aula cheia de Asanas (posturas do Yoga) e uma ininterrupta vibração sonora causada pela sua boca que nunca fecha. Impossível fazer yoga dessa forma. Me sinto numa aula de ginástica. Havia começado, como disse noutro post, estudar com um professor de 105 anos. A aula é limitada, também, pois além de gratuita, não existem muitos alunos atraídos pela experiência do Swami Yogi Nanda, logo a evolução das classes são estáticas, logo não existe. O que fazer agora? Sem dinheiro suficiente para pagar um curso, sem aulas gratuitas boas o suficiente e com a temporada de Yoga acabando em Rishikesh (como a chegada da Monção – época de chuvas – todos se dirigem ao extremo norte –  Yamunotri, Gangotri, Badrinath, Kedarnath e Algumas outras cidades ao redor como Dharamsala) a certeza de começar o estudo por conta própria estava clara em meus planos. Mas as concomitâncias estão ai para provar se você esta disposto a enfrentar toda a Maia que lhe é oferecida. E parece que estou, sim. (numa próxima oportunidade falo sobre Maia)
Dia 02 de Junho estava desolado com o fato de ter conhecido uma belíssima jovem norte americana, minha vizinha. Desolado porque, além do álcool e das drogas, as mulheres estavam nos planos de interrompimento pleno e, estava difícil parar de pensar nela. Decidi tentar dormir, mas como era muito cedo, preferi tomar um chá na companhia de Ajay. Cheguei a sua loja e ali ficamos conversando sobre esses desvios de foco, disfarçados de oportunidade de prazer que aparecem o tempo todo. Mulheres! Maior distração na vida de um homem (comentário chauvinista, mas que me parece tão prudente ultimamente. Peço desculpas caso tenha ofendido alguma mulher) Ali estava eu sentado e refletindo sobre o fato de não poder fazer Yoga Swami Tilak Ram. Professor de diversas artes que eu havia conhecido poucos dias antes na mesma loja. Com versávamos sobre o curso que ele estava preparando ministrar em Dharamsala, de Yoga. Hatha, Iyengar, Ashtanga e Anatomia do Yoga. 50K Rupias, algo como 1k US$. Mais do que eu trouxe comigo para viver seis meses. A conversa com Ajay fluía entre a decepção de não controlar meus impulsos masculinos, minha falta de atitude com a norte-americana (me reservei no direito de não citar seu nome), sim, pois apesar de saber que eu precisava me afastar, ao mesmo tempo eu queria muito ter algo com ela, mas me sentia petrificado e não fazia nada. Conflito duplamente perturbador. E ainda restava o verdadeiro problema que era não poder fazer o curso. Eis que Tilak chega e se junta a mim, na mesa para um chá. Começamos ali uma conversa que não havíamos tido na primeira vez que nos falamos. Falei sobre como conheci o Yoga, sobre meu casamento, sobre drogas, sexo, minhas desresponsabilidades e sobre meu momento. Foi um desague instantâneo que surgiu com as mais sinceras explanações. Sem que eu pedisse nada ou desse a entender algum pedido ele ofereceu o curso pra mim sem custo. E disse que, no dia que eu conquistar aquilo que estou buscando, que eu pagasse da forma que visse mais conveniente. Mas antes precisava falar com seu sócio, Prakash, a respeito. Dois dias depois Prakash veio me procurar e nosso “acordo” estava firmado. Dia seguinte (5 de junho) estávamos seguindo para Dharamsala para começar meu intensivo de Yoga e tudo começava se mostrar cada dia mais claro.
Dei adeus à minha platônica paixão instantânea e caminhei para a minha libertação. Dharamsala estava somente a 400km de Rishikesh e por volta das 3pm pegamos o barco para atravessar o ganga com toda minha parafernália incrivelmente pesada sentido a estação de ônibus. Cerca de 15 horas de ônibus de viagem (apesar da pequena distancia, a cidade é em alta atitude e, além de estradas estreitas, chovia muito), exaustos, caminhávamos em direção ao hotel onde estava nosso Yoga Hall. Prakash e eu ficamos algumas horas conversando acompanhados de alguns chás e biscoitos e voltei a ter algumas conversas sobre meu passado mal resolvido. Ele me disse algumas verdades (as quais eu já sabia), mas que precisava ouvir pelo ouvido. Fui até a lan house da cidade e enviei alguns e-mails na tentativa de tentar recomeços. Toneladas mais leve, agora começo a pensar melhor.
Fizemos um reconhecimento da área e voltei ao Hotel para descansar, pois o Yoga começaria dia seguinte. Por hora aqui me permito terminar. Meus relatos serão cada vez mais breves e sucintos com os pedaços dos momentos mais importantes. Sem extravagancias nem enfloramentos, mas exponentes acontecimentos que andam a girar a chave do processo de mudança.
E se você não entendeu é porque ‘’uma vez mais sua volta será necessária pra ver se deixa tudo pelo menos no empate, ou zerado. A frequência desse pensamento não pode ser captada com perfeição com receptor enferrujado pelos padrões do dia-a-dia. ’’


"Da matéria procuro me desvincular cada vez mais. Desapegar. Usar somente o necessário pra passar. Pois quando menos se espera vem mais uma despedida do planeta terra. "


Frases de Bnegao, se vc nao conhece, favor conhecer e, voce pode baixar este lindo album aqui no site do meu amigo batata -->http://polissonico.blogspot.in/2011/02/bnegao-e-os-seletores-de-frequencia.html



Black Tea with Waterfall


Minha vizinha em Dharamsala


E a Lua


Tuesday, June 11, 2013

Desrotinando

29/05 - 03/06

       Parece-me mais honesto comigo publicar algum novo texto ou video no blog com maior distancia de tempo, por hora. Me sentir preso a essa atividade estava criando uma preocupação egóista que fuge meus novos indicativos de tranquilidade. Por isso farei-o com intervalos maiores, porém com o mesmo intusiamo.
Quarta-feira conheci Ivan, havia falado dele no post anterior, chamando-o de Espanhol. Na verdade Ivan é de Andora,  um pequeno país cituado entre França e Espanha. Ivan é Sikh, pratica Kundalini e é mestre de Reike, além de falar portugues, que aprendeu quando trabalhou em construção civil com os companheiros de trabalho. Fazia tempo que não encontrava uma pessoa com tantas semelhancias na maneira de ser. Hiperativo, falante e bastante expressivo, me chamou para conversarmos e nos tornamos muito próximos. Muito foi falado sobre a vida e sobre os encontros que ela permite e sincronizarmos idéias que estão gerando frutos.
Alguns planos foram mudados novamente. Aliás que ultimamente os planos estão sendo feitos com intúito de não serem seguidos. Está sendo uma boa maneira de não fazer o que a cabeça acha ser melhor só porque algumas pequenas mensagens são mal interpretadas.Ando compondo muito e tendo sonhos mais claros, desde que cheguei aqui.  Minha gripe se foi e pararam-se as febres noturnas. Agora consigo perceber coisas que, antes por causa do cansaso, não via. Ivan tem seu bilhete para retornar a Andora em Julho, mas seu visto esta para Outubro, mas ele não tem dinheiro para trocar o bilhete. Mas caiu-lhe a idéia de aplicar Reike nas pessoas e também de dar os grados. Já está colhendo os frutos e arrando clientes e ganhando seu dinheiro para poder ficar aqui mais tempo.
Estou fazendo yoga com um professor de 105 anos. Yoginanda. Havia tempo que vinha procurando, sem sucesso algum yoga mais puro. Menos Asanas e mais essencia e confesso que andava bastante despontado quanto às praticas oferecidas por aqui. Tudo muito caro e não está fazendo sentido estudar em Rishikesh. As luzes se acenderam e Cátia me apresentou esse carismático senhor. São quase 3 horas de aula diárias a partir das 06am e recuperei o vigor que precisava para voltar  a pensar melhor Voltei a praticar Slak Yoga. Meu corpo já começou a refortalecer os músculos e estou evoluindo meu equilibrio andando na fita. A praça cheia de árvores para prender a fita, fica cheia de curiosos ao meu redor quando começo a prender, mas eles logo se afastam quando percebem do que se trata e consigo ficar bem sozinho por horas, ali. Muito confortável não ter de falar com ninguém durante um bom tempo. As pessoas aqui falam demais, principalmente estrangeiros. Eles adoram falar sobre como tudo aqui é interessante e isso e aquilo, mas sem muito valor ao próprio aprendizado. Parece-me que Rishikesh é Las Vegas espiritual. Você chega, aposta no ashram que vai ganhar mais espiritualidade ou joga cartas numa mesa de tarot na esperança de descobrir o segredo da sua vida, mas deixa tudo aqui. Não carrega os sentimentos que absorveu ou menos que isso. Volta pra casa vazio, achando que tudo vai mudar, mas dentro de si não houve mudança. O que acontece em Rishikesh, fica em RIshikesh
Melhor do que poder usar a cozinha, está sendo ter um botijão de gás com fogão indivudal. Ivan e eu estamos cozinhando todos os dias almoço e janta. O desjejum está sendo sagrado na loja de um simpático jovem indiano chamado Ajay. Extremamente solícito e bem-humorado, faz tudo com muito carinho e seleção entre as frutas. Uma salada de frutas enorme, com mel, granola e curd. Excelente opção para acionar o processo digestivo. Passo ali cerca de 1 hora da minha manhã apreciando uma grande tigela de boas frutas e desfrutando da adorável companhia de Ajay. Estamos treinando espanhol juntos algumas vezes. Não falo nada de espanhol, mas consigo entende-lo perfeitamente. Um disciplinado aluno de sua noiva, que é espanhola. Nada melhor que ouvir música indiana (às vezes ele coloca The doors ou Beatles também) e descansar depois da aula de yoga, por aqui.

11/06/2013
Eu tinha mais um monte de coisas pra postar aqui contando sobre o dia-a-dia, mas nao vejo mais tanta importancia em dizer alguns detalhes. Estao todos no meu diario, entao talvez eu transcreve aqui alguma hora.

O importante agora e o presente. Tava tudo muito obscuro nas minhas ideias e havia em mim um sentimento  de desapontamento com a viagem. Nao com a viagem, na verdade, mas com o fato de eu nao ter encontrado um ‘’verdadeiro ‘’ Yoga pra aprender. As coisas em RIshikesh se tornaram muito comerciais de uns 10 anos pra ca, segundo moradores mais antigos (e amigos). Ja havia conversado com Swami Tilak Ram, que estava para iniciar um curso intensivo de yoga em Dharamsala, ao qual eu nao tinha dinheiro pra pagar. Hatha, Iyengar e Ashtanga Yoga. Parecia muito pra mim, mas fiquei com a ideia de arrumar um jeito pra poder fazer o curso. Dois dias depois encontrei Tilak novamente na loja de Ajay. Tomamos um cha e conversamos sobre muita coisa, e claro toda a minha historia ate chegar aqui. Pulando a incrivel parte dessa historia (muito particular pra contar aqui – por enquanto), vim parar em Dharamsala com dois incriveis professores de yoga. Swamis. Gurus. Vivendo intensamente cada Segundo do dia, somente com yoga. Aprendendo demais e fortalecendo corpo e mente.

Nao pretendo agora postar algo muito interessante, nem fotos. So vim aqui agora pra dizer algumas novidades. Ainda estou nas busca para um teclado para meu lap top, assim poderei fazer os posts com mais tempo (estou estudando das 06am as 08pm – nao sem parar, mas fico no yoga hall desde manha sem sair e, quando saio, e para conversar sobre yoga com meu guru Tilak.) Em breve volto com mais paisagens fantasticas e talvez alguma musica nova (em processo de criacao).

Cachorrinha que veio ciscar na porta do meu quarto quando eu estava tocando violao. Abri a porta e ela agora me ama



Vejo voces no presente. Namaste

Friday, May 31, 2013

Anticorpos. Ajudem-me!

          Já faz quase 3 semanas desde que coloquei meus pequenos pés na Índia e, desde então muito aconteceu. Toda a viagem foi bastante planejada (mentira) e tudo está mudando conforme os dias vão se passando. Verdade que eu vim pra cá com a intenção de ficar até outubro em Rishikesh. Só estudando Yoga. Mas a vida não permite planos tão austéros como este. Ao final do mes de junho estou indo, com um espanhol e um italiano para Amiristar. Ficaremos no Golden Temple, da religião Sikh (a qual o espanhol Ivan, pertence). Acho que ali fico um ou dois meses (com hospedagem e alimentação sem custo) trabalhando e ajudando todas as pessoas que ali visitam. É um lugar enorme que recebe pessoas do mundo inteiro e que precisa de voluntários para servir os que ali pedem comida, limpar enfim...

http://pt.wikipedia.org/wiki/Harmandir_Sahib




          E como os planos nem sempre estão de acordo com a realidade, provavelmente voltarei de Amirstar para o Nordeste da Índia em direção ao Nepal. Meu visto me obriga a sair do país com 90 dias de estada aqui, mesmo eu tenho o visto para 180 dias (uma burocracia sem sentido). 

          
          Algo que realmente tem mudado bastante aqui dia após dia é minha saúde. Percebo vários alarmes devido alterações no clima, na minha alimentação e rotinas. Nos primeiros dias tive uma recaída, talvez por água contaminada no gelo de um suco. Foram 5 dias sofridos onde visitei o banheiro mais vezes que tomei banho no Ganga. Agora, depois de alguns graus caídos na temperatura normal (40 graus no horário mais quente do dia) peguei uma gripe como muito não havia sentido. Na verdade alguns dias antes de eu viajar eu havia pego uma gripe pior que que estou agora, mas tomei tantos antibióticos que curei rápido. No momento estou numa 'dieta' natural e experimentando remédios ayurvédicos na tentativa de manter o corpo em ordem somente com o natural. Tirei os banhos diários no ganga, do cardápio e estou tendo que tomar banhos quentes (algo que não estava fazendo desde que cheguei).

          De qualquer forma, mesmo com dores de cabeça, garganta infeccionada e muita secreção, essa é a melhor gripe que eu já tive. A mais feliz. Não me contenho de tanta alegria quando espirro (mentira). Meu corpo sofre, mas eu não. Tenho plena convicção dos meus desejos, mesmo sabendo que não sei de nada e minha mente esta se mostrando cada vez mais forte com todos os exercícios de meditação e asanas combinados. Darei uma trega ao blog para me dedicar a minha cura corporal e preparar mais ainda meu estado de consciencia pelas aventuras que estão por vir.

          Deixo mais uma música, que já havia composto antes de sair do Brasil, mas que gravei só agora =)


          Nada é acaso, né. Namaste
Incenso modelável e umas malas iluminadas

Wednesday, May 29, 2013

Fazendo tudo errado

            Voltando aqui, mas sem muitas novidades. Fiz uma música nova e gravei no Beatles Ashram. Aliás que gravei uma porção com 6 músicas. Das 6 só essa é nova e ainda espero conseguir subir as outras no youtube algum dia. A conexão aqui realmente não é das mais velozes e às vezes demora mais de duas horas pra subir um vidinho pequeno. Um dos meus amigos no ashram (Daniel - Cidade do México), que toca violino, tem um gravador digital e estamos programando gravar alguns sons depois de algum tempinho de ensaio, compartilho com voces. Por agora, posto aqui a música nova e a letra segue abaixo.

            Deixem opiniões se possível pra ajudar o amigo a ficar motivado (ou não)




Tudo o que voce quiser, tem que se parecer com aquilo que vc não tem
E como já disse alguém: Sanidade e felicidade são impossíveis combinações

Almejou sabe-se lá o que, mas com tanta vontade. Desesperado se acalmou.
Fugiu do próprio paradigma, criou em si uns bons conceitos e foi filosofando
E quando viu que estava errado, foi então que se acreditou.
            Namaste =)

            

Friday, May 24, 2013

Cachoeirando

19/05/2013



Noite complicada de novo. Parece que meu relógio biológico está me dando uma colher de chá enquanto estou na rua, mas basta chegar no quarto e tentar dormir que começa a febre e volto a ter complicações estomacais/intestinais. Muitas cólicas durante a noite e todo o bololo volta a me torturar. Consigo acordar cedo para o yoga, mas muito fraco. Acho que perdi muito peso, talvez uns 4 ou 5 kilos nítidos. Mas tenho uma manhã tranquila e, como havia comprado uma melancia no dia anterior, e já tinha deixado na geladeira do ashram, mais 2 mangas e está tomado o café da manhã 
São 11am e chego na Magical. Cachoeira que, como o nome sugere, tem uma visão deslumbrante. São várias pequenas quedas, muito altas, dando tons a vários mini-arco-íris em meio a muita mata, muito verde. O eco-sistema ali é muito vivo e muitas plantas se acumulam por muitas rochas, que aparentam milhares de anos ali. Lindo demais. Fico ali duas horas até chegar um casal de alemães que também estão hospedados no mesmo lugar que eu. Já estou saindo e Hegel, me diz que ali ainda tem um 'segundo andar' para ser visitado. Um mezanino de pedra que forma uma poça pequena de água da o toque de espaço para meditação. É tudo muito mágico, mesmo. Me sinto numa mistura de 'Senhor dos anéis' com 'Avatar'. Mas decidido a procurar uma cachoeira maior, onde eu possa nadar, vou embora de lá e vou almoçar no mesmo lugar da janta de ontem.





Já por volta das 2 pm como uma salada e Veg Kafta. Bolinhos fritos, imersos num molho delicioso, que não sei explicar ainda qual gosto tem. Não entendo muito bem do que é feito, mas ainda assim é delicioso. O dono do local me diz para seguir mais 2 km até o próximo vilarejo que verei a entrada da cachoeira. Desta vex administrada pelo governo e preciso pagar 30 rúpias para acessá-la. Existe uma 'estradinha' que posso subir de scooter. Apenas 1 km subindo já encontro a entrada. Mas decido subir ainda mais. É uma grande montanha e como todas montanhas aqui, parece não ter fim. Já estou acelerando 30 minutos e não chego a lugar nenhum. Mas tenho que subir com muita prudencia, pois ali não há muita segurança nem uma estrada transitável confiável. Muitas pedras no caminho me fazem crer que ali não tem civilização. Ledo engano. A cada 5 minutos de subida encontro uma pequena casinha e pessoas subindo a pé, carregando água ou pedras, areia. Acho que ali está crescendo uma nova comunidade.
Encontro um cachorro no caminho, que parece cansado, com a língua pra fora. Resolvo me aproximar e fazer amizade. Percebo nele uma infinidade de carrapatos no pobre coitado e, tento tirar alguns maiores em lugares que parecem estar atrapalhando mais, como na boca, olho e orelha. Com a mesma vontade de aniquilar carrapatos que existe na minha mãe, tiro um do ouvido do cão e esmago com uma pedra. Todo o sangue do nojentão voa diretamente no meu olho. Mas como se ele tivesse preparado para morrer me atacando. Um carrapato kamikazi, mas sem o suicídio. Acho que ele está rindo além túmulo. Desesperado e com o olho cheio de sangue dou uma bela cusparada na minha mão para lavar o sangue. Olho no espelho retrovisor da scooter e estou parecendo um hemorrágico. Tirando a cena thriller, fecho o olho e sigo retornando à cachoeira para lavar aquela nojeira. Encontro antes uma saída de água de uma rocha, me lavo e acaba-se o problema.

São 3h30 e encontro a primeira queda d'água. São várias, na verdade. Pequenas quedas que formam diversas poças para banho. Todas estratégicamente controladas com alguns sacos de areia para não dar vasão total à água levando todo mundo morro abaixo. Fico ali alguns minutos e percebo que ainda existe outro lugar para visitar, já que vejo umas 10 ou 15 pessoas voltando de uma parte mais alta. Existe ainda uma escada para subir (mais 500m conforme a placa) e resolvo subir. No caminho encontro um visitante estrangeiro que me informa haver outro pequeno lago mais acima e que, se eu escalar uma pequena rocha encontrarei uma piscina natural. Fato. Existe uma queda ainda mais acima que torna o passeio mais válido ainda. Quando acho estar sozinho e penso em relaxar para tentar uma meditação ou somente ficar observando a água caindo, aparece um menino com seus 8 anos, gritando. Com uma garrafa de coca-cola na mão ele anuncia: ''Just one, please!?'' Tomo um susto e escorrego, caindo na piscina. Ainda bem que ali havia só água. Muita insistencia e depois de ouvir vários nãos, o menino desce, mas com olhar de que me espera lá embaixo pra alguma nova oferta. Resolvo ceder e aceito um miojo feito na hora (Maggi). Antes de descer, já bastante cansado do sol intenso e da mochila (sempre pesada), desço com menos atenção e, logo que a alça da bolsa arrebenta, escorrego e saio da piscina de bunda pela rocha. Algumas escoriações novas e aquela cara de quem não está com dor, como meu miojo quietinho e sentado no sol. As crianças ao redor não param de me rodear, gritando e tentando vender-me snacks e refrigerante a todo custo. Compro um biscoito de chocolate e distribuo entre os garotos que, agora pedem para tirar fotos.





Volto ao restaurante bangalo e dessa vez peço um pequeno prato que não sei muito bem o que é, mas também não é nada demais. Chegam ali 7 homens, que se apresentam pra mim com bastante alegria.O dono do lugar me pergunta: "Chilian?" Algo como "Fuma um com a gente?". Respondo que não, mas que não me importo se eles fumarem ali.Um deles veste uma camiseta do Che Guevara, mas acho que ele não sabe quem é. Ele não fala ingles então não damos muita enfase na camiseta. Eles pedem que eu me dirija até o fim da loja, se amontoam uns no outro. Um deles chega a jogar sua perna sobre a minha e descansa com muita naturalidade. Aqui é muito comum haver bastante carinho entre os homens. Talvez pela supreção machista e não haver muitos homens conversando com mulheres, eles trocam carinhos e afetos (de maneira sempre muito amigável e às vezes até infantil) entre homens. É bem normal e fico feliz pois me comunico com meus amigos dessa forma (aliás um beijo grande pro Wills, Giuli, Bruxão, Cavete, Serj, Monminha, Sunguera, James, Diego e John...saudades). Eles preparam o cachimbo com Haxixe do Nepal e começam a fumar. Toda aquela fumaça toma o lugar e depois de muito insistirem, aceito dar um pega. Nunca me senti daquela forma. A famosa 'paulada' que achei já ter levado algum dia é superada em milhões de vezes e acredito que vou passar mal. Saio de mim, sinto-me num transe. A sensação é de que estou tirando pedaços do corpo. Me desfazendo começando pela cabeça. A brisa é rápida. Cerca de 10 minutos depois do único trago já me sinto melhor. Foi uma brisa ruim. Senti medo e um pouco eufórico. Talvez porque estou sem fumar faz tempo ou porque estava cansado e ainda não melhorei da barriga, não sei. Mas decido ali que não vou mais abrir mão da decisão de ficar clean o tempo todo aqui.

Já são 9pm e me lembro que precisava ter devolvido a scooter até às 7pm. Terei de pagar nova diária, então resolvo ficar com a moto mais um dia. Dessa vez combino com Cátia, Hegel e Shiring (meus amigos do ashram) de ir até a cachoeira pela manhã para aproveitarmos melhor o tempo.
Hoje durmo mais cedo e levanto mais cedo pela manhã. Acordo ainda atordoado da noite anterior. Uma ressaca de fumo. Meu corpo ainda é fraco e não pratico ioga novamente. Fazemos o desjejum no mesmo restaurante e ficamos na cachoeira até 4pm. Me sinto mal novamente e decido dormir até 6pm para devolver a moto. Hegel me acompanha com sua scooter até a agencia para devolver a moto e, após uma pequena discussão com o rapaz da loja (que queria me converser que eu não havia pago a primeira diária) volto ao ashram para dormir até o dia seguinte e tirar o dia de folga para tentar, por vez ficar bom do corpo. Ledo engano.
Namaste