Da ponte pra cá

Da ponte pra cá

Wednesday, July 3, 2013

Entendendo mais um pouco

Fiquei pouco tempo em Dharamsala. Foram pouco mais que 10 dias de intenso yoga e não tive muitas oportunidades de ver a cidade, mas o pouco tempo que tive foi suficiente para visitar uma linda cachoeira e fazer um pequeno trekking pela montanha que desce a água dessa queda. Alguns passeios aleatórios me deram oportunidade de conhecer alguns pontos turísticos, outros nem tanto. Foi uma viagem proveitosa para o Yoga, não para passeios. Porém tive algumas iluminações no meu caminho muito importantes para mudar algumas condições de meus pensamentos em relação à amizade.
Meu dinheiro estava acabando e resolvi tomar uma atitude que nunca pensei que tomaria. Pedir aos amigos. Sempre tive pra mim que o dinheiro, como tudo no mundo faz parte do ciclo, que é a base de filosofia do budismo. Causa e efeito. Então, partindo daí, imaginava que de alguma forma tudo que ‘’apliquei’’, tivesse num momento necessitativo (aqui me reservo no direito de inventar uma palavra, e se é a primeira vez que faço aqui, fique ciente que costumo fazer isso sempre. Às Vezes as palavras já criadas não são suficientes), retorno. Contando por A mais B que seria um retorno rápido, fácil e indolor, mesmo que irrisório, percebi novamente que meus valores não são os mesmos dos outros. Apesar de ter recebido ajuda de alguns amigos, o gesto de ignorar de uma grande maioria, me fez ver o quão egoísta eu estava sendo ao impor minhas necessidades e meus sonhos à frente da vida dos outros. Receber inclusive alguns julgamentos referentes ao meu modo de vida antes da minha viagem, onde gastei mais dinheiro do que, supostamente deveria, me fez enxergar muita coisa que, sem saber, eu vim aprender aqui.
Hoje me inscrevi no programa de voluntario do Parmath Niketan Ashram de Rishikesh. Este é o maior ashram em atividades e o mais engajado em atividades que visam desde a limpeza do Ganga e o cuidado das meninas abandonadas, estupradas ou perdidas, até no esforço em reconstruir as cidades destruídas pelo desastre do dia 16 de junho, que afetou mais de 15 mil pessoas.
Vou usar o dinheiro que recebi para pagar meu último mês que morei no Ved Niketan Ashram, meu visto e viagem para o Nepal e depois acabou, me restaram apenas os 20 dolares que trouxe comigo sem trocar para um possível imprevisto. O mais importante disso tudo foi a lição que tirei de tudo isso. Vir pra ca sem dinheiro foi, sem dúvida a atitude mais importante que eu, indiretamente tomei. Eu tinha dinheiro suficiente e de sobra para vir à Índia e viajar conhecendo lindos lugares, mas com certeza eu não teria passado pelas incríveis descobertas que passei. Mas mais importante do que tudo que aconteceu comigo aqui, foi importante ver como tudo que eu acreditava em termos de amizade, foi quebrado com uma simples atitude julgatória e sem precedentes. Agradeço até dormindo aos amigos que puderam me ajudar e mais ainda aos que não puderam, pois foi de uma ajuda enorme para quebrar paradigmas e me colocar no chão novamente. A vida participa de um ciclo interessantíssimo que nunca quebra, mas as vezes parece ter seu ângulo alterado. Ai nessa outra dimensão podemos enxergar melhor ou pior. Depende de como a curva do seu ciclo está. Abrir os horizontes vai muito além do que olhar pra frente. Precisamos nos desvincular de nós mesmos para entender o externo. Parar pra pensar não é solução, mas sim, parar de pensar.






Namaste

1 comment:

  1. Sentir a iluminação a ponto de perceber tais coisas
    separar o que é bom do que não é tão bom assimmm...
    Parabéns...bjs em seu coração

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