16/05/2013
Acordo cedo,
como programado. São 05h15, mas não estou me sentindo muito disposto. Decido
não fazer a meditação e programo o relógio para 06h30, mas ainda não consigo
levantar. Às 10h00 desço para tomar água (estou sem água no quarto e só tem
água potável na recepção). Encontro Bem e Kilian perto da cozinha e combinamos
de arrumar nossas coisas e partimos para o Beatles Ashram. Resolvemos fazer o
desjejum num café chamado last chance, pois não há mais nada antes de terminar
a parte urbana da cidade. Escolho um suco de limão com gelo e logo sou
instruído por Ben que tomo o suco sem gelo, pois a água que usam para faze-lo não
é das melhores. Me sentindo seguro de que não terei problemas, mantenho o
pedido. Comemos iogurte com frutas e mel e partimos. Antes de chegarmos a
entrada, somos convidados por um baba para fumar com ele (preciso me focar
mais, não há centímetro quadrado aqui que não sou chamado para fumar a erva
sagrada com esses simpáticos andarilhos religiosos). Fazemos amizade com ele e
subimos juntos ao ashram para fazermos um tour com o experiente baba e um amigo
dele que estava junto.
Este lugar é
incrível, tem uma história mágica lá dentro. Antes de ser um enorme ashram, era
uma espécie de escola para crianças com uma infra estrutura de dar inveja a
qualquer colégio de renome internacional. Eles tinham mais de 300 vacas para
abastecer, com leite, todas as crianças e funcionários do local. São 84
pequenos espaços para meditações individuais, um grande templo de adoração
somente a Krishna (o único em Rishikesh) diversos egg houses, que tratam-se de
construções em formato de ovo que, quando entramos, temos uma acústica
incrível. Infelizmente pela conexão daqui ainda não consegui subir nenhum vídeo
para compartilhar, mas farei o mais rápido que puder, assim possível.
Primeiro paramos
no grande Yoga hole, para uma pequena meditação e aproveito para praticar um
pouco de yoga no sagrado acento de Maharish Mahesh Yogi. Um pequeno quadrado de
concreto onde o senhor Maharish se sentava para lecionar ensinamentos de
meditação transcendental e yoga. A energia dali foge ao controle das minhas
emoções e acabo tendo um pequeno cisco em meus olhos, me fazendo derrubar
algumas lágrimas. Após alguns asanas e muita emoção depois, subimos às egg
houses para ouvirmos música (um amigo de Benedikt, também alemão e um outro
rapaz francês se juntaram a nós no meio do caminho e ele tinha uma caixinha de
som com músicas indianas). É sublime, mas logo percebemos que somos em 7 e o
espaço, com 45° de temperatura não é a melhor opção para ficarmos todos juntos
e, após todos começarem a suar em bicas, resolvemos ir a um lugar mais fresco.
Chegamos ao local de meditação individual, são 84 cavernas onde pode-se
meditar, praticar yoga ou tirar momentos para leitura. Encontro uma posição
confortável, escolho um mudra de concentração e mantenho imóvel por cerca de 3
horas. Nunca cheguei num ponto tão alto de concentração e, dessa vez não tive
um segundo de cochilo. Foi muito intenso, cheio de percepções diversas.
Cheiros, sons, temperaturas. Eu conseguia ouvir cada conversa paralela entre
meus 6 amigos, os ruídos que faziam ao se mexer, os pássaros cantando e até
mesmo o vento soprando por entre árvores. Acredito ter encontrado em mim uma
boa técnica para concentração.
Macaquinhos sempaticos
Yoga Hole
Egg houses
Novos amigos
Estava muito
quente, ainda e resolvemos sair das cavernas. Ben e Kilian já haviam nos
deixado para retornar ao Yoga hole, onde estava lá um londrino alto e cheio de
dreads enrolados, num penteado bastante desajustado. As pessoas aqui tem um
estilo demasiado rústico aqui e se enquadram muito bem a todo o visual do
local. Junto dele havia uma americana loira, de vestido branco e uma feição doce,
cheia de harmonia. Ela dançava uma dança indiana, conforme o inglês tocava um
instrumento chamado Hang. Uma espécie de tambor de ferro com pequenos declives
na sua extensão que produzem notas agudas e extremamente ressonantes. Não é um
instrumento indiano, mas tem uma sonoridade muito oriental (link do
instrumento). Tento tocar um pouco do instrumento e, com bastante delicadeza o
rapaz me pede para tocar com mais sutileza, pois se tocar com muita força posso
desafinar o tambor, e isso seria uma tragédia, já que não há como ele arrumar.
Nossa
programação para ir até as próximas cachoeiras, já está sendo alterada. São
5h30 pm e não há mais tempo para visita-las então decidimos fazer amanhã.
Resolvemos, famintos ainda, tomar um banho no Ganga e, dessa vez estou sufocado
pelo calor e algo no meu corpo me diz que não estou nas melhores condições.
Estamos muito tempo sem comer, tomamos muito sol e agora percebo que talvez
deveria ter ouvido o conselho de ben de não tomar o suco de limão com gelo.
Tiramos algumas fotos do por do sol e assistimos ao ritual Pooja, que acontece
duas vezes ao dia, às margens do rio em frente ao Parmath, agradecendo ao dia,
ao sol e brindando a lua que está para chegar.
Voltamos ao Last
chance e pedimos, todos um Special Thali, que nada mais é que uma espécie de
prato feito com arroz, lentilha cozida que lembra um feijão apimentado e mais
ralo, vegetais e legumes refogadas e iogurte. Faço minha primeira visita ao
banheiro, me dizendo que não estou bem mesmo. Muita dor de cabeça, dores no
corpo e, com um calor que passa os 30°, começo a sentir febre. Em alguns
minutos chegam ao restaurante alguns estrangeiros que também estão no mesmo
ashram que nós. Ali estão francesas, alemães, uma chilena e uma portuguesa e
Christiam, um brasileiro baiano muito simpático. Juntamos nossas mesas e
começamos nossa própria babel. Converso sobre vários pontos em comum com Chris
que, tem vários planos em comum comigo. Ele esta indo terminar alguns cursos de
massagem, reike e outras atividades orientais que permeiam cura e bem estar e
tem projetos bastante parecidos comigo. Parece que arrumei um parceiro. Passam
mais de 45 minutos e a comida não chega. Como não banheiro no restaurante,
volto ao ashram e percebo que, com muita febre e já tendo vomitado pela
terceira vez, preciso descansar. Volto ao restaurante, comunico minha ausência
e começo minha pior noite em Rishikesh.
Já foram mais de
30 visitas ao toalete e ainda não consigo dormir, muito menos comer ou beber
água. Ben havia me trazido uma garrafa com água, mas consigo usá-la somente
para me molhar a noite inteira...pernas, braços, cabeça. Está impossível
dormir, mas também ficar de pé. Minha cabeça doi muito e decido tomar um
paracetamol, que havia comprado em johannesburg. Parece que a medicina ocidental
não tem efeito por aqui e meu estomago resolve por o remédio pra fora,
novamente.
Meu notebook
esta com o teclado quebrado e eu uso um teclado externo, usb, para substitui-lo
e agora ele tambem quebrou, extamente agora =(. Tenho de usar o computador do
ashram, entao os posts serao em intervalo maior, uma vez que nao posso escrever
sem estar logado.
Sao 2h am quando
pego no sono, mas ainda nao estou 100% entao o lugar que mais visitei em
Rishikesh foi o banheiro do meu andar. Acordo as 08h30 am, como uma melancia
inteira (as melancias aqui tem metade do tamanho das brasileiras, mas o mesmo
sabor, textura e cor. Apenas sao menores, mas ainda assim grandes e agora
parece que estou recuperado. Sao 1h pm e junto dos meus amigos alemaes estamos
indo em uma cachoeira cerca de 2 km do beatles ashram. Ate mais
Namaste